Junho celebra o cinema brasileiro e destaca impacto da Lei Paulo Gustavo na produção audiovisual do DF
- Lei Paulo Gustavo - Distrito Federal
- 19 de jun.
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Projetos contemplados com recursos federais mostram como o fomento público impulsiona o setor e fortalece a diversidade cultural candanga
Junho é o mês em que se celebra o Dia do Cinema Brasileiro (19/06). A data marca o surgimento da primeira filmagem no país, feita por Afonso Segreto em 1898, e reforça a relevância do setor audiovisual não apenas como expressão artística, mas também como motor da economia criativa. Em 2024, o cinema nacional alcançou seu melhor desempenho desde a pandemia: arrecadou mais de R$ 220 milhões em bilheteria e atraiu 12,6 milhões de espectadores — crescimento de 241% em relação ao ano anterior, segundo dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine).
O volume de estreias também aumentou: 456 filmes foram lançados no Brasil, dos quais 197 foram produções nacionais. Refletindo um crescimento de 22,4% quando comparado a 2023. No total, foram vendidos 125 milhões de ingressos no país, com faturamento de R$ 2,5 bilhões.
No Distrito Federal, esse crescimento tem um aliado decisivo: a Lei Paulo Gustavo. Em 2023, o edital do setor audiovisual destinou R$ 33,4 milhões para a realização de 120 projetos locais, abrangendo diversas etapas da cadeia produtiva, da criação à exibição. A iniciativa foi um marco para a cena independente e viabilizou projetos que, sem o aporte público, talvez jamais saíssem do papel.
Produções genuinamente candangas
O longa “A Maldição do Mamulengo”, da Cinese Audiovisual, está entre os projetos contemplados pela legislação. A obra investiga a trajetória do teatro popular de bonecos desde suas origens até sua chegada ao DF, com entrevistas de 30 mestres brincantes de diferentes regiões do país. A ideia do filme já rondava o imaginário do diretor Leonardo de Sena Monteiro, conhecido como LeoMon, há mais de uma década, mas nunca havia encontrado financiamento.
“Já escrevi esse projeto para vários editais e nunca consegui gravar. A LPG viabilizou tudo. Conseguimos pagar uma equipe de 40 pessoas e, o mais importante: conseguimos remunerar os mestres entrevistados, que compartilharam suas histórias, muitas vezes passadas por gerações. É um registro urgente de uma tradição viva, até porque alguns deles têm mais de 90 anos de idade”, explica.
Segundo o diretor, todo o período de gravações já foi realizado, agora o filme está em processo de edição e finalização, com previsão de pré-estreia ainda em 2025. “Depois de finalizado, acho que a primeira etapa importante para um filme como esse, é circular em festivais. Assim, além de levar o nome de Brasília e os nomes desses mestres que compõem o filme, queremos levar também, a importância da Lei Paulo Gustavo para as grandes telas”, complementa LeoMon.
Outro projeto em andamento é o “Almas Penduradas”, curta-metragem ficcional dirigido por Miguel Leujim. A produção, filmada inteiramente em Brasília, tem pós-produção prevista para 2025 e reúne cerca de 46 profissionais entre elenco e equipe técnica.
“Estamos passando pelo processo de pós-produção, terminamos de gravar em setembro, no ano passado. Passamos por vários cortes diferentes, tentando explorar lugares diferentes do DF, em montagens diversificadas. Agora, estamos trabalhando na cor, trilha e pós-produção de som. Teremos trilha original!”, celebra Leujim.
Sobre os desafios nas produções audiovisuais, Miguel revela: “a gente vem de um contexto de fazer cinema com 500 reais no bolso, pela vontade de realizar. Ter acesso ao recurso da LPG mudou tudo. Elevou a qualidade da produção e a dignidade do processo. Trabalhar com orçamento justo é garantir que quem está no set também tenha acesso ao básico, à troca justa, à profissionalização”, relata o diretor.
A diversidade de formatos também aparece na animação Amadeo e o Hipotético Mundo Novo, da Sol de Barros Filmes, que recebeu recursos para sua finalização. Com 90 minutos de duração e resolução 4K, o longa narra a trajetória de um jovem negro, confundido com um escravizado no Brasil do século XIX, que reimagina a história do país ao criar a primeira “máquina de fazer retratos”. A obra propõe um mergulho estético e político no poder das imagens, da memória e da invenção histórica.
Sobre a Lei Paulo Gustavo
A Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022) representa o maior investimento já realizado no setor cultural do Brasil, com um total de R$ 3,8 bilhões destinados a projetos culturais em todo o país. No Distrito Federal, foram repassados R$ 48,1 milhões, administrados pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (SECEC/DF).
A lei homenageia o comediante Paulo Gustavo e simboliza a luta da classe artística, especialmente durante a pandemia de Covid-19. No DF, além do edital de premiação, os recursos estão sendo aplicados em iniciativas nas áreas de audiovisual e outras manifestações culturais, consolidando seu papel como um marco histórico para a cultura brasileira.
Para a Coordenadora de Projetos da LPG-DF, Adriana Trancoso Albuquerque, “ao apoiar produções como essas, a LPG não apenas amplia o acesso à cultura como também estrutura um mercado que movimenta empregos, valoriza a pluralidade de vozes e projeta o DF como polo criativo em expansão.”
Serviço - LPG/DF
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